sexta-feira, 2 de novembro de 2007

Dez anos de farsa

O título é sugestivo, faz você professor lembrar alguma coisa? Para quem não lembra, vou explicar, há dez anos o estado de São Paulo mantém um sistema de educação pública como farsa. Há exatos dez anos foi assinado o decreto 9/97 que estabelecia em todo o estado o regime de progressão continuada, a famosa promoção automática.
Um sistema cujo interesse maior estava em receber empréstimo do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BIRD); tal empréstimo seria viabilizado apenas se os índices de aprovação do estado melhorasse, caso contrário nada feito. Como nesse país os interesses financeiros estão sempre superiores a qualquer outro, o governo estadual resolveu absurdamente criar esse decreto e pronto, estava aberta às porteiras para instaurar-se o caos na educação pública estadual.
Vivemos atualmente uma farsa educacional, os docentes são obrigados a promover alunos para a série seguinte pelo grotesco motivo de freqüência, aluno esse que pode está com notas vermelhas, nem precisa ter o trabalho de fazer nada nas oito atuais disciplinas que consta na atual grade curricular e ser promovido pelo parvo fato de ser freqüente. Agora, como o governo quer melhorar os índices educacionais se ele mesmo sanciona leis que estabelecem a formação de cidadãos alienados, retardados, cada vez menos capazes de questionar as decisões que são impostas, pobres filhos da progressão continuada que ficam contentes com um simples histórico onde contém notas “S”, notas falsas que atestam a sua incapacidade de conseguir passar de ano por méritos.
Tenho pena dessa geração descendente da progressão, tenho pena dessas criaturas “formadas” pela rede estadual, que assustadoramente sabem assinar os seus nomes ainda que de letras minúsculas. O governo realmente está conseguindo o que quer e o povo caindo direitinho nas suas armadilhas.
Está tudo do jeito que o diabo gosta, alunos que freqüentavam a escola apenas para praticar atos de vandalismo ganharam mais força, ao fim do ano os professores se reunirão no conselho final e os “aprovarão”, logo depois receberão um histórico maravilhoso onde a falsidade prescreve “S” de cabo a rabo afirmando que o mesmo obteve nota suficiente, o suficiente para sair de casa e ir até a escola, oh que glória; o suficiente para ser idiota e aceitar o governo jogar na sua cara que você é imbecil, incapaz de conseguir notas necessárias, sendo necessário à promoção automática. Os bons alunos, ah os bons alunos, esses estão em extinção desde o decreto, são cada vez mais raros a existência deles na sala, submetidos a esse regime tonto perceberam a injustiça que há na educação estadual onde o aluno que tira 0,1 é igual a quem tira 10, são inteligentes, pois perceberam que o zero na frente do um não faz diferença do zero depois do um e a virgula é apenas um enfeite, uma “perninha bonitinha” colocada sem necessidade; muitos preferiram serem apenas freqüentes e foram fixar moradas com os seres do abismo.
Professor, para de falar pro aluno que no conselho final vai retê-lo na série, deixa o barco andar conforme toca o capitão e seu papagaio, quer dizer, tucano, esse “ajudante” que faz questão de fiscalizar a farsa e atestar se a mesma está sendo colocada em prática conforme manda o capitão, não prometa ao aluno algo que não possa fazer, porque depois fica feio pra você mesmo, quando o aluno for saber o resultado final ele vai ver tudo “S” e lembrar de suas palavras, com certeza dará boas gargalhadas; concluirá que você foi mentiroso, evite passar por isso, porém nunca desista do propósito de mudar essa lei e enfatizar em sala as intenções do governo e a sutileza com que ele chama os alunos de incompetentes.

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